Com a participação de Fernando Galdi, superintendente de estratégia e inovação do Bradesco Asset Management, e de Artur Wichmann, chief investiments officer global da XP Investimentos, com a moderação de Ronaldo Gallo, sócio da Madrona Fialho Advogados, o painel trouxe à reflexão um dos temas mais palpitantes desta década, talvez do mundo contemporâneo: a inteligência artificial (IA).
Sabe-se que a sua evolução está transformando diversos aspectos da sociedade de maneira profunda e irreversível. Desde o lançamento do ChatGPT em 2022, a IA tornou-se uma ferramenta essencial não apenas para negócios, mas também para o cotidiano das pessoas.
De acordo com Ronaldo, há uma certa apreensão sobre o quanto o desenvolvimento dos algoritmos da inteligência artificial afeta ou afetará as nossas vidas e, sempre tentando predizer o futuro, como será o nosso amanhã. E nessa linha de pensamento, coloca, especificamente dentro do tema, a seguinte questão: “Como os algoritmos da inteligência artificial poderão impactar a decisão de investimentos?
Artur explicou que o aprendizado de máquina (Machine Learning) tradicional envolvia ensinar regras específicas para ela, enquanto o Deep Learning permite que a máquina aprenda padrões a partir de grandes quantidades de dados.
Fernando destacou a evolução histórica da IA começando com a ideia de replicar a inteligência humana por meio de algoritmos, evoluindo para Machine Learning e, mais recentemente, Deep Learning e modelos transformadores (Transformers). “A capacidade da IA de aprender e se adaptar permite que ela execute tarefas complexas com uma precisão surpreendente, superando muitas vezes as capacidades humanas em determinados contextos”, afirmou ele.
Segundo Artur, essa revolução tecnológica, conhecida como a Quarta Revolução Industrial, está redefinindo o conceito de trabalho e a maneira como tomamos decisões, especialmente no setor financeiro. “Hoje estamos diante de uma revolução que chamamos de quarta revolução industrial, mas que de industrial, ela não tem nada. Tem muito mais a ver com o setor de capital intelectual”, comentou Artur.
A possibilidade de usar algoritmos avançados para prever movimentos de mercado e tomar decisões de investimento tem o potencial de aumentar a eficiência e a produtividade de maneira exponencial. No entanto, essa transformação também traz consigo desafios significativos.
Um dos maiores impactos da IA é o desemprego tecnológico. À medida que a IA se torna mais sofisticada, muitas tarefas que antes eram realizadas por humanos estão sendo automatizadas. Isso cria um dilema: como lidar com uma força de trabalho que se torna cada vez mais obsoleta em um mundo onde a tecnologia avança rapidamente? A sociedade precisa encontrar maneiras de requalificar esses trabalhadores e integrá-los em novas funções que a tecnologia emergente ainda não pode substituir.
Além disso, a questão da regulação da IA é crucial. A falta de um arcabouço regulatório adequado pode levar a abusos e a um uso irresponsável dessa tecnologia poderosa. “A União Europeia está à frente nesse aspecto, mas outros países, incluindo o Brasil, precisam acelerar seus esforços para garantir que a IA seja utilizada de maneira ética e responsável”, alerta Artur.
A combinação de inteligência humana e artificial pode levar a melhores decisões de investimento, mas também traz desafios éticos e de emprego. Se, por um lado, promete uma era de grandes avanços, de outro provoca uma reflexão profunda sobre os valores e princípios que devem guiar essa nova era. A IA pode ser uma força para o bem, aumentando a produtividade e melhorando a qualidade de vida, mas isso só será possível se conseguirmos navegar pelos desafios éticos, sociais e econômicos que ela apresenta.
A sociedade deve estar pronta para adaptar-se e evoluir com essa tecnologia, garantindo que todos possam se beneficiar das suas inovações.